Palestras
Palestra 1 - História, Filosofia e Sociologia da Ciência no ensino e na pesquisa em Ensino de Ciências
André Ferrer P. Martins
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Na área de pesquisa em Ensino de Ciências, os partidários da utilização didática da História, Filosofia e Sociologia da Ciência (HFSC) têm defendido, há décadas, que seja problematizada a visão de senso comum da ciência e dos cientistas. Em seu lugar, defendem a apresentação, histórica e filosoficamente orientada, de uma visão mais robusta e complexa da ciência e de suas práticas. Por outro lado, perspectivas negacionistas e anticientíficas circulam na sociedade e nas redes, o que traz implicações para pensarmos tanto o ensino quanto a divulgação científica. Sob esse pano de fundo pretendo abordar, a partir do referencial epistemológico de Ludwik Fleck, elementos da pesquisa envolvendo a utilização da HFSC no ensino de ciências, em seu percurso histórico e no contexto (social e educacional) atual, ponderando, especialmente, tanto os riscos do relativismo extremado quanto do cientificismo.
Palestra 2 - História e Filosofia da Ciência no ensino: algumas interações pessoais de Bohr com Thomson e Rutherford para uma visão mais humanizada da ciência
Durante o período de seu pós-doutorado, entre os anos de 1911 e 1912, Niels Bohr estabelece uma relação tanto com J.J. Thomson quanto com Ernest Rutherford que permite evidenciar como aspectos subjetivos, afetivos, sociais, relacionados à biografia e à personalidade individual de um estudioso influenciam na construção de conhecimentos científicos. Nesse sentido, considerando a relevância de discussões relativas à natureza da ciência no ensino, em associação à história e à filosofia da ciência, o seminário visa trazer reflexões para uma visão mais humana de ciência a partir um recorte histórico específico.
Anabel Cardoso Raicik
Apeiron - Grupo de História, Filosofia e Ensino de Ciências (PPGECT/UFSC)
Palestra 3 - As origens místicas da Mecânica Quântica: a história que os livros não contam
Nathan Willig Lima
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Vivemos um período conturbado, em que diferentes grupos alegam deter o conhecimento seguro (ou objetivo) sobre um determinado evento (vacinação contra pandemia, mutações climáticas, entre outros). No meio dessa confusão, podemos ficar com a impressão de que houve uma degeneração da ciência em relação a um passado idealizado, em que aspectos políticos e culturais não influenciavam as escolhas das comunidades de pesquisa. Exercer a cidadania contemporânea, entretanto, demanda uma compreensão madura sobre o funcionamento da ciência. Nesse sentido, a história da ciência é um caminho importante para questionarmos a validade de nossas concepções sobre como a ciência funciona. Nesse seminário, vamos discutir episódios da história da Mecânica Quântica a fim de investigar de que forma movimentos políticos, artísticos, religiosos podem influenciar o desenvolvimento científico – contribuindo ou atrapalhando o seu desenvolvimento.
Palestra 4 - Por que (voltar a) falar de teleologia na Biologia?
Por que (voltar a) falar de teleologia na Biologia? Hoje os estudiosos compartilham a convicção de que a biologia não se reduz teoricamente à física e química. Como argumentam Marjorie Grene e David Depew (2004), que a candidata mais óbvia da singularidade da biologia parece estar na teleologia. A explicação teleológica, seja de uma propriedade, processo ou entidade, é aquela que faz recurso a um resultado particular que pode ser adquirido (Lennox & Kampourakis, 2013). Nesta apresentação, trataremos de como a explicação teleológica ocupou um lugar central ao longo de toda a história das ciências da vida, ilustrando a discussão, a favor e contra, em alguns autores da Antiguidade e das origens da modernidade, bem como imediatamente antes e depois de Charles Darwin. Finalizaremos com algumas razões para que a explicação teleológica volte a ser inserida na educação em ciências, particularmente no ensino evolução biológica.
Maria Elice de Brzezinski Prestes
Universidade de São Paulo (USP)